Conteúdo/ODOC - O delegado da Polícia Civil, Gustavo Godoy Alevado, revelou detalhes que ajudam a entender o perfil do adolescente de 15 anos apontado como líder de um grupo criminoso que promovia, nas redes sociais, a incitação ao suicídio, automutilação e outros crimes digitais.
Segundo o delegado, o jovem, que foi alvo da Operação Mão de Ferro II nesta terça-feira (27) em Rondonópolis (218 km de Cuiabá), itiu que sofria bullying e que, no ambiente virtual, encontrava uma forma de se sentir no controle.
“Na vida real, ele era alvo de bullying, não tinha amigos e se sentia rejeitado. Mas no mundo digital, atrás de um celular, com um codinome, ele se transformava. Lá, ele se sentia alguém com poder, capaz de influenciar, de controlar, de causar impacto”, relatou Godoy.
O menor já havia sido alvo de outras duas operações da Polícia Civil: a primeira fase da própria Mão de Ferro, deflagrada em agosto de 2024, e a Operação Discórdia, realizada em abril deste ano. Mesmo após ser identificado e abordado nas investigações anteriores, ele manteve a atuação criminosa, liderando conversas em plataformas como Telegram, WhatsApp e Discord.
As investigações apontaram que, sob o codinome ‘Hakai’, que em japonês significa “destruição”, o adolescente incentivava práticas autodestrutivas, promovia ameaças, perseguições virtuais, além de compartilhar conteúdos de pornografia infantil e fazer apologia ao nazismo. Em conversas recuperadas pela polícia, ele chega a perguntar a uma das vítimas se ela havia gostado de se automutilar, demonstrando frieza e ausência de empatia.
O delegado destacou que a família do adolescente ficou completamente surpresa ao ser informada do envolvimento do menor. “Os avós não faziam ideia. Ele era visto como um jovem quieto, introspectivo, reservado. A escola também relatou que ele sofria com exclusão e bullying. Isso pode ter sido o gatilho que o levou a buscar na internet uma maneira de se sentir alguém, de exercer um poder que ele não encontrava na vida real”, explicou.
Além da incitação ao suicídio e automutilação, o grupo também praticava crimes como invasão de sistemas, exposição de dados, ameaças, perseguição e disseminação de conteúdos violentos, com impacto psicológico severo sobre outras crianças e adolescentes.
O adolescente foi alvo de um mandado de internação provisória e, segundo a Polícia Civil, o trabalho de investigação segue para identificar outros envolvidos e possíveis vítimas.
“Estamos falando de crimes que deixam marcas profundas, não apenas no ambiente digital, mas na vida das vítimas. É algo extremamente grave, e essa investigação vai continuar até que todos os responsáveis sejam responsabilizados”, concluiu o delegado.