CHAPADA DOS GUIMARÃES

Testemunha diz ter sido coagida por ex-vereadora em ação que tenta cassar prefeito

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Testemunha diz ter sido coagida por ex-vereadora em ação que tenta cassar prefeito
Prefeito Osmar Froner e a ex-vereadora Fabiana Nascimento

Conteúdo/ODOC - Uma reviravolta pode mudar os rumos da ação que pede a cassação do prefeito de Chapada dos Guimarães, Osmar Froner (União), do vice Carlinhos (PSD) e do vereador Gilberto Mello (PL). Uma das principais testemunhas do processo afirmou à Justiça Eleitoral que foi ameaçada e induzida a mentir pela ex-vereadora Fabiana Nascimento (PSDB), autora da denúncia.

O depoimento foi prestado na última sexta-feira (16), durante audiência de instrução e julgamento, e trouxe detalhes de como teria ocorrido a coação. Segundo o relato, o homem, identificado apenas pelas iniciais R., contou que aceitou, num primeiro momento, colaborar com Fabiana após ela lhe prometer R$ 20 mil e um cargo caso fosse eleita. Porém, ao perceber que estava sendo usado para sustentar falsas acusações, resolveu revelar toda a situação.

De acordo com ele, as ameaças começaram assim que decidiu se afastar do acordo. “Ela começou a me assustar, dizendo que iam me oferecer algo para mudar de lado e, depois, me eliminar”, revelou à Justiça. Por medo, contou que precisou se esconder e até retirar sua mãe de casa, temendo por sua segurança.

R. ainda detalhou que foi levado até um escritório na capital, onde assinou documentos orientado por um advogado ligado à ex-vereadora. Também relatou que, posteriormente, recebeu um arquivo por meio de aplicativo, enviado de um cartório, que assinou sem saber exatamente do que se tratava. Esse documento, segundo ele, acabou sendo utilizado como prova na ação que tenta derrubar o prefeito.

“Ela me prometeu ajuda, disse que minha situação financeira ia melhorar. Hoje eu me arrependo profundamente de ter feito isso”, declarou durante o depoimento.

A irmã do denunciante também prestou depoimento e confirmou a versão apresentada por ele. De acordo com ela, Fabiana fazia constantes ligações, inclusive ameaçando que, se ele não fosse até Cuiabá depor, poderia ser preso ou até morto. Disse ainda que a ex-vereadora chegou a ligar mais de dez vezes em um único dia para pressioná-lo.

O relato dela também aponta que Fabiana controlava todos os movimentos do irmão, impedindo que ele conversasse com qualquer pessoa ligada ao grupo político do prefeito. Sobre a promessa de pagamento, a testemunha contou que a ex-vereadora teria condicionado o valor à formalização do depoimento em seu favor.

O caso faz parte de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) movida por Fabiana Nascimento, que acusa Froner e seus aliados de suposta compra de votos e Caixa 2 nas eleições de 2024. A ex-vereadora sustenta que famílias teriam recebido R$ 1 mil cada durante a campanha e que cargos, como o do atual diretor do SAAE, Guilherme Henrique de Oliveira Costa, teriam sido distribuídos como pagamento por apoio político.

Documentos como comprovantes de transferências, listas de eleitores e uma escritura pública assinada por R. foram incluídos no processo. No entanto, agora ele afirma que esse material foi produzido sob coação e sem que soubesse exatamente do que se tratava.

Ao negar pedidos para arquivar o processo, o juiz Renato Filho frisou que os fatos precisam ser esclarecidos e que ainda há diligências e coleta de provas em andamento. A nova versão da testemunha pode impactar diretamente no desfecho da ação e enfraquecer as acusações feitas por Fabiana.