No mês de Junho, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia e a Associação Mato-Grossense de Oftalmologia, fazem campanhas de alerta à população sobre os riscos dessa doença Oftalmológica denominada Ceratocone.
O ceratocone, nome de origem grega que significa kerato(córnea) e konos(cone), é uma ectasia (distorção) corneana causando uma indução de alto grau de astigmatismo e com potencial progressivo com consequente diminuição e dificuldade visual.
Histórico familiar da doença, hereditariedade, genética e fatores ambientais, estão entre as causas do ceratocone. Hábitos como coçar os olhos, ou alergias oculares podem agravar ainda mais o quadro. Sua incidência é mais comum na faixa etária dos 10 a 30 anos, mostrando um caráter progressivo.
Costumo explicar aos meus pacientes, para facilitar a compreensão, que o ceratocone, tanto em sua evolução quanto em seu tratamento, deve ser visto com uma escadaria: no primeiro degrau, realiza-se o diagnóstico e orientação sobre o ceratocone e o acompanhamento adequado, e neste primeiro degrau, normalmente, apenas o óculos já se mostra efetivo.
Com uma possível evolução da ectasia, subimos mais um degrau no tratamento e pode ser indicado o uso de lentes de contato rígidas. Em um terceiro estágio, quando a lente também já não se mostra satisfatória, podemos lançar mão de técnica cirúgica chamada de implante de anel intra-estromal, traduzo: sob incisão feita a Laser, são implantados pequenos segmentos de arcos de anéis, de material obviamente inerte ao olho, que tem a capacidade de moldar esta deformidade corneana trazendo os olhos do paciente com ceratocone a uma situação mais próxima da normalidade e assim reestabelecendo a visão. Em um quarto e último estágio, está o transplante de córnea.
Ao longo dessa evolução, há a possibilidade de realizar um procedimento oftalmológico minimamente invasivo que tem a capacidade de interromper esta progressão, ou como digo, parar esta subida de degraus, e portanto, quanto antes diagnosticado e acompanhado o paciente, mais cedo podemos interromper a doença e assim permanecer com melhor visão possível.
Diante de tudo que se disse, fundamental são as campanhas de orientação à população, principalmente na faixa etária das crianças e adolescentes, o aos médicos oftalmologistas para intervirmos no quadro e proporcionar melhor qualidade de vida a estes pacientes.
Helder Rondon Luz é médico Oftalmologista, presidente da Associação Mato-grossense de Oftalmologia